quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O rock da primeira semana do Rock in Rio

Compartilhar O Rock in Rio já sofreu muitas críticas por não ter apenas bandas de rock. Não que eu seja favorável ao show da Cláudia Leitte no festival, por exemplo, mas muita gente parece esquecer que em todas as edições anteriores do festival bandas de outros estilos musicais também participaram. Até o aclamado Woodstock de 69 contou com a participação de músicos e bandas que não tinham um som puramente rock and roll.

Tive a oportunidade de estar nos dois dias mais "rock" da primeira semana do Rock in Rio. No dia 24, o palco mundo teve NX Zero, Stone Sour, Capital Inicial, Snow Patrol e Red Hot Chili Peppers. No dia 25, os shows foram do Glória, Coheed and Cambria, Motörhead, Slipknot e Metallica.

Posso comentar apenas o que vi e as situações pelas quais passei em dois dias. Começando pela ida ao distante local dos shows. Vi algumas pessoas reclamando do cartão Vip de ônibus que tinha horário pré-agendado e custava R$ 35. Pelo jeito, quem, como eu, optou por usar as linhas convencionais saiu mais satisfeito. Diversos ônibus levavam o público ao terminal Alvorada, onde centenas de ônibus executavam o curto trajeto até a Cidade do Rock. A quantidade de ônibus não gerava espera.

Os ônibus chegavam ao autódromo de Jacarepaguá, local de entrada para o festival. Após caminhar por pouco mais de 1 quilômetro, diversas catracas estavam disponíveis para a entrada no local. Um ponto negativo que merece destaque é a quase inexistência de uma revista do público. Se drogas certamente entraram sem dificuldades, duvido muito que eu teria sido barrado se levasse uma arma. Se facilitou a entrada, poderia ter sérias consequências para a segurança.

A Cidade do Rock foi muito bem planejada. É difícil imaginar um local tomado por 100 mil pessoas que seja fácil para se deslocar e cheio de opções, não apenas de shows. É realmente uma cidade com muitos atrativos. Tudo pareceu funcionar bem. Inevitável são as longas filas para comprar um lanche do Bob`s, por exemplo. Mais de duas horas para comprar fichas que, com alguma organização, poderiam ter sido vendidas pela rede em todo o Brasil antecipadamente, por exemplo.

O palco foi projetado de uma forma que parecia que todos os presentes estavam satisfeitos em acompanhar os shows no lugar em que estavam. Poucas vezes fui grandes shows sem ser empurrado ou lutando para não ir para o chão com pessoas que pulavam por perto. Aparentemente as 100 mil pessoas estavam confortavelmente acomodadas pela Cidade do Rock.

A mudança de palcos foi rápida se considerarmos que são grandes bandas. No domingo, fui até o local onde fica o palco sunset onde foram realizados shows do Angra, Sepultura, entre outros. Mas parece que essas bandas eram grandes demais para o espaço e o fato de grande parte das opções de alimentação estarem ali deixou o espaço com mais pessoas do que deveria. Se o palco mundo tinha um excelente sistema de som, o do sunset parecia uma baixa gravação tocada em caixinhas de som de um computador.

A saída dos shows foi tranquila para quem pagou os R$ 5 para o transporte de ônibus até o terminal Alvorada. Já no terminal, havia uma natural concentração de pessoas. Se faltou organização no sábado, no domingo a situação melhorou. Eram mais ônibus, mais gente para formar as filas de espera. Tudo isso tornou a saída do terminal mais rápida.

Sobre os shows:

Red Hot Chili Peppers

Certamente menos de 5% dos presentes no sábado conheciam as músicas do Stone Sour ou mais de três músicas do Snow Patrol. Isso fez com que o show mais empolgante antes da entrada dos Chili Peppers fosse o do Capital Inicial, já que a grande maioria do público conhece boa parte do repertório das canções do grupo brasileiro. Teve até cover do The Clash.

Mas um dos shows mais esperados da edição 2011 do Rock Rio foi do grupo de Anthony Kiedis e Flea. Com algumas canções do álbum lançado há um mês, I`m With You, e outras principalmente de Californication, By The Way, Stadium Arcadium e Blood Sugar Sex Magik, o público foi ao delírio por quase todos os cem minutos que o grupo esteve no palco. Os pontos altos foram canções que viraram clássicos para a geração que começou a gostar de música na década de 90. Otherside, Under The Bridge, Californication, By The Way foram cantadas em coro.

O set não teve surpresas com relação ao que eles vinham apresentando na turnê. Vale destacar Around The World após a pausa e Did I Let You Know, do álbum novo, com a presença do brasileiro Mauro Refosco dando um toque de samba ao som dos Peppers.

Flea, o showman e certamente um dos maiores baixistas do mundo, entrou com uma camisa do Brasil e foi o que mais interagiu com o público. Com as dancinhas características, mostrou que o Red Hot estava feliz de retornar ao Rock in Rio para fazer um show bem melhor do que o da criticada apresentação de 2001. Já na guitarra, Josh Klinghoffer infelizmente ainda faz os fãs sentirem muita falta de John Frusciante. Discreto, ele ainda parece o guitarrista que servia de apoio para a banda na turnê de Stadium Arcadium. Resta saber se ele vai se soltar com o tempo. Não parece ser um músico ruim. A tarefa de substituir Frusciante também não é fácil. Mas com uma guitarra menos marcante, o show do grupo perde um pouco da magia que o tornou um dos mais espetaculares dos últimos anos.

Vale ainda o registro da homenagem a Rafael Mascarenhas, filho de Cissa Guimarães que morreu em um acidente no Rio de Janeiro. O jovem era fã da banda e completaria 20 anos no sábado. Os quatro integrandes do grupo entraram para o bis vestindo camisetas com a foto de Rafael.

Metallica

Se no sábado pouca gente queria ouvir as outras bandas. No domingo muita gente aguardava as apresentações do Slipknot e do Motörhead. A simplicidade de décadas do grupo de Lemmy e os efeitos especiais do Slip provocaram um grande desgaste do público que parecia cansado ao fim das duas horas e quinze minutos de show do Metallica.

Mas essa é uma banda difícil de comparar. Poucas no mundo ainda tem a representatividade do Metallica e conseguem tocar por mais de duas horas para um público que conhece quase todas as músicas. Em sintonia perfeita, a banda desfilou seus clássicos como Fuel, Fade to Black, Nothing Else Matters, Enter Sandman e a tão pedida Seek & Destroy.

As chamas que frequentemente apareciam no palco não foram necessárias para animar o público. O Metallica fechou a primeira semana do Rock in Rio com chave de ouro, para calar os que dizem que o festival deveria se chamar Pop in Rio.

James Hetfield parece um menino em começo de carreira. Nitidamente feliz por estar se apresentando no Brasil, por várias vezes disse que o público estava cantando alto naquela noite. Não é sempre que 100 mil pessoas se juntam para cantar as músicas da sua banda.

Brincando, ele perguntou se o público estava cansado e não queria ir dormir. Parece mesmo é que o Metallica poderia tocar ali por 3, 4 horas. Um show inesquecível, perfeito.

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Nos vídeos, as minhas gravações para Otherside dos Chili Peppers e Nothing Else Matters, do Metallica. Mais abaixo, os dois shows na íntegra.



Um comentário:

  1. Realmente, o Frusciane fez uma falta tamanha no show do Red Hot Chilli Peppers. Aliás, acredito poder dizer que foi visível a diferença do show sem ele. Infelizmente não pude ficar para o domingo, mas olha, invejei muito pelo que eu vi na televisão! Amanhã espero para você e a Nay me enxerem ainda mais de invejinha rosa! Beijo grande

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