O que é preciso para que um show seja inesquecível? Em alguns casos basta gostar da banda. Ou seja, um show do U2 sem palco 360º, sem um telão mutante, sem passarelas e espetáculo de luzes já seria suficiente para eternizar o momento para os fãs, de todos os estados, incluindo muitos paranaenses e curitibanos, que compareceram ao Morumbi neste sábado (9). Mas justamente por aliar tudo que citei acima com som de qualidade, uma mescla de clássicos e músicas novas e simpatia com o público, que o U2 justifica o fato de ser a maior banda de rock em atividade no mundo.

Em 45 minutos, oito músicas que empolgaram e aqueceram boa parte dos presentes. Os mais velhos parecem não ter gostado. Mas sem dúvida uma grande e bela abertura para um grande show. Fica a torcida para que o Muse volte ao Brasil com um show próprio em breve.
Terminado o show de abertura, começa um trabalho que dura cerca de uma hora para deixar o palco pronto para a atração principal. A chuva que caiu durante todo o show do Muse parou apenas para ver o U2 e voltou assim que os irlandeses deixaram o palco.
Um palco que surpreende pelo tamanho e estrutura, certamente jamais visto no Brasil, e milhares de pessoas lotando o Morumbi aguardavam o U2. E como o show da maior banda de rock do mundo poderia começar em São Paulo? Eis que após um breve e aguardado silêncio dos equipamentos de som começa em altíssimo volume o samba Trem das Onze, na voz dos Demônios do Garoa. Era o que bastava para, pela primeira vez na noite, todos os presentes, surpresos, cantarem e dançarem. Começava ali um show inesquecível.
Space Oddity, de David Bowie, mostra imagens da chegada da banda no telão e leva o público ao delírio. A gritaria é tanta que é difícil ouvir a música. Os quatro donos da noite começam então o show com Even Better Than The Real Thing, seguida pelo clássico I Will Follow. Pronto, estava pago o ingresso.
Mas era só o começo. Get On Your Boots e Magnificent, do mais recente álbum No Line On The Horizon, foi cantada em coro pelo público. Uma prova que, ao contrário do que muitos dizem, o cd lançado em 2009 não desagradou os fãs da banda.
Mysterious Ways antecipa um dos momentos mais intensos do show. A dobradinha Elevation / Until The End Of The World balançou o Morumbi. Na segunda, The Edge solou sobre uma das passarelas que passeia sobre a cabeça do público que conseguiu chegar cedo e ficar próximo ao palco.

I Still Haven't Found What I'm Looking For é um dos momentos máximos do show. Sem acompanhamento de Bono no vocal, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tocam para o Morumbi cantar. Com a sequência de três músicas do All That You Can`t Leave Behind (Stuck In A Moment You Can't Get Out Of, Beautiful Day e In a Little While), Bono sacramentou, falando em português, que essa era a 'balada' do dia em São Paulo. Ainda brincou com o fato de os paulistanos comerem pizza antes da balada e classificou cada membro da banda como um tipo de pizza. Clayton, o exótico, seria de banana, Edge, o obscuro, a de jaca ou a de "minhinhoca", Mullen, sem queijo, sem molho de tomate, sem massa, seria apenas a pizza "boa pinta".
Como também não poderia deixar de faltar, antes de Beautiful Day, Bono escolheu uma jovem do público e ficou sentado ao lado dela no palco. Ela recebeu uma folha e declamou um trecho de Carinhoso, que terminou com os dois dizendo "Serei feliz, bem feliz".
Miss Sarajevo coroou o grande show de Bono que faz uma belíssima interpretação cantando em italiano. City Of Blinding Lights, Vertigo e I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight abusaram dos efeitos do mega telão. Depois, o show seguiu com um dos hinos da banda, Sunday Bloody Sunday. Scarlet e a linda Walk On são homenagens a Aung San Suu Kyi, líder asiática que ficou 21 anos presa por ser contra o governo de Mianmar e vencedora do Nobel da Paz. Com isso, terminava a primeira parte do show.
No retorno, Desmond Tutu apareceu no telão para passar uma mensagem pela campanha contra a Aids na África. Nessa parte do show, One, seguida por Help (cover dos Beatles) e Where The Streets Have no Name com milhares de bexigas amarelas, verdes e azuis no público, fato que nitidamente surpreendeu os membros da banda.
No último trecho do show, o microfone e a roupa cheios de efeitos apareceram para Bono cantar Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me e With Or Without You. Antes da canção que encerrou o show, Moment of Surrender, o líder do grupo fez questão de lembrar o massacre no colégio de Realengo, no Rio de Janeiro, enquanto o telão exibiu o nome de todas as vítimas do atentado. Terminava assim o maior show de uma banda de rock que o Brasil já viu.
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Nos vídeos, o Muse toca Starlight e o U2 In A Little While, Where The Streets Have No Name e Moment Of Surrender, tudo gravado no último sábado.